quarta-feira, 29 de abril de 2009

Spill Kid & Buster Keaton apresentam

Spill era tão pequena quando foi encontrada que cabia na palma da minha mão, muito amiga lambia as minhas lágrimas quando eu chorava. Pequenino BusterK, tinha muito medo, tentou fugir no dia em que o encontramos, dava para sentir suas costelinhas. Spill e Buster casaram-se.
Mas, um dia não se sabe a razão, Spill fugiu. Buster faleceu aos 14 anos em 2002. Como prometi que nunca mais o abandonaria, suas cinzas estão guardadas numa urna aqui em casa.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Da minha janela

“O tempo não deixou nada para sustentar meus olhos e meu coração”
Do filme O Tigre e a Neve

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Maçãs

Maçãs haikai, acreditem essas maçãs são reais.
Foto Beth Nito

sábado, 25 de abril de 2009

Batman, filho de Buster e Spill, é herói de HQ
e sob o carro, na penumbra só se vê os olhos do Paçoca

As tigrinhas irmãs do Nino e filhas da Nikita
e o dorminhoco Nino filho

Esses gatinhos que viviam na região da Ribeira,
estavam lagarteando ao sol da primavera




sexta-feira, 24 de abril de 2009

Cinema solo

Ainda vou descobrir a razão pela qual os filmes com títulos estranhos me atraem como:
Gosto de Cereja, Camelos também choram, A Lula e a Baleia, A encantadora de Baleias,
Tartarugas podem voar e, por aí vai...
Hoje lembrei-me da primeira vez em que fui ao cinema sozinha, Mad Max! Na verdade foi um acidente, eu havia combinado com uma amiga e ela furou. Naquele tempo não tinham inventado o pager e menos ainda o celular. Existia os orelhões que funcionavam com fichas. Não desisti e assisti ao filme, sossegada e sem ninguém me chatear, foi em Mogi das Cruzes, o cinema agora virou igreja evangélica, como quase todas as salas de cinema espalhadas pelo interior, lamento...

Tenho um problema sério, muitos filmes dos que eu gosto possivelmente não serão lançados em DVD.
Penso melhor não arriscar. A experiência se repete até hoje, simplesmente não deixo de ver um filme no cinema por falta de companhia.
Ando muito interessada em filmes, asiáticos. Gosto de ver a vida que acontece em meio ao conflito, algumas alheias tentam passar despercebidas, às vezes a vida que sobrou da guerra é nada ou quase nada. A vida segue paralelamente, será que as pessoas acostumam-se de verdade, ou o fazem para tornar a vida mais suportável?


Cada um com seu cinema .

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Através da janela a gata madrilenha branca olha ao seu redor

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Gatos de papel

Nikita mata sua sede, enquanto Nino Q e
Penelope Charmosa tiram um cochilo



Amélie Poulain e Spill Kid, nunca se conheceram


Banho de sol matinal de Buster Keaton



por Beth Nito

Certo dia, numa pequena, cidade no interior de São Paulo, onde eu morava com meus pais, mudou-se para a casa ao lado da nossa uma velha de aspecto medonho. Os boatos que corriam nas bocas dos meninos sobre a velha bruxa, que morava no número 76 da nossa rua
eram de fazer tremer qualquer um.
- Ela pode adivinhar o futuro. Se alguém duvidar manda uma
maldição contra a pessoa!
- Ah, ela é conhecida como a velha dos setenta gatos de papel!
- Eu também ouvi dizer que ela foi expulsa de Alenquer por transformar os gatos da cidade em gatos de papel. Será verdade?
- A velha pobre coitada, mal colocava os pés na calçada, os meninos todos puxam-se a correr, deixando a rua deserta.
Numa tarde chuvosa, minha mãe saiu com minha tia para resolver coisas pendentes no cartório da cidade. Meu pai estava em seu escritório e eu estava sozinho em casa assistindo televisão. Da sala, ouvi baterem à porta que dava direto para a rua. Abri-a e, branco e estático de medo, quase caí para trás quando vi a velha, bem ali à minha frente. Veio pedir, num tom quase inquisitório, que eu fosse à sua casa ajudá-la a trocar uma lâmpada que havia acabado de queimar por causa dos relâmpagos. Minha vontade, naquele instante, era de lhe dizer não, fechar a porta e esconder-me no meu quarto até minha mãe ou meu pai voltarem. Mas as palavras não saiam da minha boca. E eu ali parado, frente à velha, não pude dizer não. Estava longe dali, de mim, sozinho com apenas algumas palavras que martelavam minha cabeça: “maldição, gatos de papel”.
Ao entrar na sala ainda havia muita luz. Minhas pernas estremecidas mal conseguiam sair do lugar. Em silêncio, acompanhei a velha até o porão.
- Que escuridão, pensei. Claro que o fato de estar com medo fazia com que aquele compartimento da casa da velha ficasse mais escuro e tenebroso.
E os gatos? Pensava eu.
A velha aproximou-se e acendeu uma vela que iluminou o seu rosto cheio de rugas e marcas esculpidas pelo tempo.
- Aahh! Gritei assustado e quase subi a escada a correr, não fosse a velha a segurar-me pelo braço. Acalmei-me e ela sorriu, sem alterar
a sua fisionomia esquisita.
Na saída, não me contive e deixei escapar uma pergunta:
- E os gatos? Calei minha boca com as mãos.
A velha fitou-me nos olhos. Um olhar que mesclava ódio e desprezo. Empurrou-me para fora de sua casa e nem sequer me agradeceu.
Ainda chovia forte quando, com medo de voltar à minha casa, resolvi antes ir a do meu amigo Toninho e contar-lhe o que aconteceu e que na casa da velha não havia um único gato.
- Os gatos são transformados em papel. Deviam estar guardados dentro de alguma gaveta, só sei que o gato do Luisinho desapareceu, dizia-me o Toninho, alvoroçado.
- Arghh! Fiquei tão arrepiado que sentia meus cabelos em pé.
Durante os meses seguintes, permaneci com medo de me encontrar de novo com a velha, mas também com uma enorme vontade de descobrir a verdade sobre os gatos. No entanto, como se adivinhasse a minha intenção, a velha mudou-se para outra cidade e o assunto morreu por ali.
O tempo decorreu tranquilo e já ninguém habitava o número 76 da nossa rua. Nem eu nem
os meus amigos deixávamos mais a rua a correr assustados.
Num certo domingo, quando já passado quase um ano, fui com minha família almoçar e passar à tarde na casa de um tio em Sertãozinho. Após o almoço, eu e os meus primos brincávamos na rua, uma rua sossegada e com árvores e, muito íngreme. Jogávamos bola. O meu primo mais novo, desajeitadamente, lançou a bola rua abaixo, corri para alcançá-la antes que chegasse à avenida, que eu via cada vez mais próxima. Quase sem poder parar eu só via o chão daquela rua passar rapidamente sob a sola gasta do meu conga, quando alguém atravessou a minha frente. Tropecei e fui dar de encontro ao chão. Olhei para os lados e a bola havia sumido. Quando levantei a minha cabeça, ainda atordoado, pude ver bem ali, diante dos meus olhos, a velha bruxa segurando a bola com uma das mãos. Num pulo ergui-me boquiaberto. A velha estendeu a mão para me devolver a bola, olhando-me fixamente nos olhos outra vez. Agarrei-a e já preparando-me para correr reparei que na outra mão a velha segurava um recorte. Era um gato de papel, amarelo e branco.

Esse pequeno conto foi escrito em terras lusitanas, na cidade de O Porto, em homenagem ao Buster K,
meu gato e amigo que esperou pacientemente o meu regresso e, também a todos os gatos que transformei
em papel através das lentes de minhas câmeras fotográficas.